Tuesday, July 04, 2006

Judith Teixeira em "José e os outros" de José-Augusto França



José e os Outros. Almada e Pessoa (romance dos anos 20) é uma narrativa de José-Augusto França, vinda a lume em Abril último, com a chancela (habitual, aliás) da Editorial Presença.
Não podendo dizer que estamos perante um grande romance, parecendo-me até que a espantosa informação do Autor tolhe a eficácia do texto, direi que a criação do estruturado intelectual é um importante feito paraliterário. Sem denegação do lume, que existe descontinuadamente, outro fulgor mais importa: conhecer a década de vinte lisboeta obrigará, doravante, a que consideremos esta publicação como inquestionável elemento de leitura. E outros e muito importantes existem na bibliografia de França.
Dentro do romance cruzam lugares (o Chiado, o Rossio, a Brasileira, o Bristol, o São Carlos, o Museu das Janelas Verdes…) e personagens reconhecíveis (Almada, Pessoa, Stuart, Barradas, Pacheco…). E existem ainda alusões que são marcos geodésicos de uma época fulgurante e contraditória.
Se é explicável que Thereza Leitão de Barros não tenha incluído Judith Teixeira na obra Escritoras de Portugal (Génio feminino revelado na Literatura Portuguesa), ensaio publicado em 1924 e muito em cima do êxito judithiano, o contrário penso relativamente a algumas obras de referência (dicionários de…) sobre mulheres intelectuais saídas nos últimos tempos, que, estranhamente, têm vindo a esquecer a poetisa aparatosamente.
O romance de José-Augusto França, referindo-se a Judith Teixeira, fala da sua “poesia sensual, ‘amorosa’, ‘pagã’”, que chocava com as “más intenções machistas”. Mais à frente, destaca-se a atenção da revista Europa a tudo o que acontecia de novo em arte.
Funda, a memória cava…

1 comment:

porfirio said...

:

do paganismo se fez a religião.

abraço