Sabe-se que o emancipalismo feminino, da sua génese até à quase concretização nos nossos dias, é devedor, sem sombra de dúvida, do crescendo económico ulterior à Revolução Industrial, da alteração normativa imposta à transferência dos legados patrimoniais familiares, do acesso da mulher ao sistema educativo, da reivindicação feminil que cada vez mais se instalou e do declínio acentuado da vigência do normativismo religioso. Mas isto já foi mais ou menos dito por um Georges Duby e por uma Michelle Perrot.No caso português, parece-me indesmentível que a agitação provocada por Judith Teixeira na década de vinte - até no seu jeito artístico, de penteado à "garçonne", para gerar um imaginário de figura feminina de acordo com o vigente modelo universal à Louise Brooks -, trouxe um importante contributo libertatário para a geração de mulheres que se lhe seguiu. No entanto, e ainda bem, Judith Teixeira consegue uma identidade própria não pelo grito sufragista de grande voga, nomeadamente no período subsequente à implantação da República, mas sim pela ostentação de uma vida espiritual e intelectual que ela sumptuariamente subscreve pela presença obsidente do seu forte e assertivo "Eu". Esse esteticismo e essa força afirmativa estão também presentes na inusual apresentação, em primícias literárias, de obras suas sob a chancela gráfica da Imprensa Libânio da Silva, que, segundo José Augusto-França, "dispunha de excelentes oficinas".
Friday, November 10, 2006
O eu assertivo de Judith Teixeira
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1 comment:
Martim, obrigada pela resposta e pela simpatia. Para lhe enviar o meu endereço peço que me contacte para lifeonthewire@hotmail.com , uma vez que não tenho nenhum endereço seu. Mais uma vez, obrigada pela atenção.
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